terça-feira, 8 de maio de 2012

A chegada da codependência!


Muitas vezes, as pessoas me perguntam como eu ainda me considero uma Co em recuperação, uma vez que já faz anos que não tenho mais contato com a dependência química, o caso que vou citar abaixo, acho que exemplifica bem quando digo que a codependência nos rodeia constantemente.

Comecei na segunda a noite a participar de um curso promovido pelo DENARC juntamente com o Conselho Municipal de Combate as Drogas da minha cidade,são quatro horas de curso, até sexta-feira, com delegados e profissionais do DENARC, eu é claro, mais do que depressa me inscrevi e fui.

Na segunda-feira, meu marido me deixou lá, já que temos um carro só e ele ia me buscar as 22horas, horário previsto para acabar, e as dez da noite lá estava  eu, na frente do auditório da prefeitura esperando por ele, assim que saí, liguei para ele perguntando aonde ele estava estacionado e a resposta do outro lado, meio sonolenta é de que ele estava saindo de casa naquela hora, nem preciso dizer que ele havia cochilado e... ...Esquecido de me buscar.
 
Era para ser um acontecimento normal, acontece, nada demais, mas, não para uma codependente, as pessoas começaram a sair, algumas olhavam para mim, encostada na beirada da escada, eu sabia que ainda levariam uns quinze minutos para ele chegar, cruzei os braços com o celular na mão e é claro, a cara não estava as das melhores, parece que tive uma espécie de Insight, de Dejavú, porque alguns tolos sentimentos vieram à tona, o sentimento de inferioridade, a auto-piedade, porque comecei a sentir dó de mim mesma por estar lá, já praticamente sozinha, no meio do nada, aí veio o sentimento de que ele havia me esquecido, de que ele havia me colocado em segundo plano, e confesso que a minha auto-piedade foi tanta que até tive vontade de chorar. Vocês leram isso né? Só porque ele cochilou, pegou no sono e só acordou com o toque do telefone, eu já me coloquei na situação de trocada, esquecida, em segundo plano.

Isso é um absurdo não é mesmo? Tudo bem, algumas pessoas até ficariam bravas por ter que ficar esperando, mas, não ficariam bravas pelos mesmos motivos que fiquei, pelos motivos de uma codependente, não mesmo.

Quinze minutos depois, ele chegou, não tinha mais ninguém ao redor, somente o vigilante noturno, ele encostou o carro e eu já estava pensando em um monte de coisas para falar, esse é o outro lado da Co né, alterna entre vítima e vilã. Quando abri a porta do carro, naquele instante, me lembrei da minha última postagem, onde falo que me comprometo comigo mesma a buscar os momentos de felicidade em meu dia e então eu percebi que eu poderia entrar no carro emburrada, ir para casa emburrada e nada falar ou, entrar no carro como se nada demais tivesse acontecido e contar para ele como havia sido bom o curso, a palestra daquela noite com o delegado do DENARC.

É, eu entrei e conversamos até chegarmos em casa, eu acho que ele até já havia se preparado para ouvir meus "esporros" e no fundo deve ter se espantado por eu nada ter falado.

A Codependência por alguns momentos me dominou, me cegou, mas, no tempo certo eu voltei à mim e voltei a ser eu mesma, escolhendo ser feliz.

Só por hoje eu sou feliz, mesmo que meu dia não saia como eu planejei, mesmo que contra-tempos venham a acontecer, eu me comprometo comigo mesma a buscar os pequenos momentos de felicidade em meu dia!

Boas 24 horas!!!




9 comentários:

  1. Ah! Como eu entendo isso...
    No meu caso em particular eu percebi que já era uma codependente antes mesmo de ter me envolvido em 2 relacionamentos seguidos com adictos!
    A codependencia já vivia em mim, em estado latente, prontinha pra explodir e mostrar as garras!
    E hoje eu sofro uma dor tão profunda, que parece palpável, por causa disso.
    Já falei inúmeras vezes que nunca mais vou me envolver com ninguém, que daqui pra frente ficarei só comigo mesma! Me pego até mesmo repreendendo minha irmã por buscar o amor de um homem... seria até cômico se não fosse uma tragédia grega a minha vida!
    Parabéns pela sua vitória, Giulliana, dia após dia, contra essa doença traiçoeira e manipuladora que é a codependencia.
    SPH Seja Feliz, porque vc merece!
    Talvez um dia eu possa dizer isso, de verdade, a mim mesma, olhando no espelho!
    Abraços.

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    1. Maya, sabe, o mais importante que aprendi ao viver a minha recuperação diária é de que não posso usar o meu passado como "desculpa" ou motivo para temer o meu presente e futuro, eu não posso deixar que o meu passado dite as regras da minha vida, as minhas escolhas do passada, hoje apenas interferem positivamente nas minhas escolhas de agora, demorou muito para eu conseguir isso, mas, consegui, hoje não temo mais a repetição de erros, porque sei não acontecerá se eu não deixar, eu tive que aprender a lidar com isso para não passar os anos ao lado do meu marido esperando que a qualquer momento ele fosse me trocar por algo ou alguém, ja que no meu passado, eu saí do relacionamento com meu ex d.q. com a sensação de que eu havia sido trocada por drogas.
      Eu seu que você vai conseguir também, você já está em sua recuperação e vai perceber que o tempo vai lhe mostrar que você pode e deve se apaixonar novamente e que nao será por um dq...
      Beijos e obrigada por estar sempre aqui.
      Estamos juntas.

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  2. É amiga infelizmente, as marcas ainda permanecem em nós, mesmo depois de anos no seu caso e meses no meu.
    Talvez tenhamos que conviver com isso pelo resto de nossas vidas. Mas o bom, é que quando passamos a entender o que é doença e o que é realidade, evitamos muito sofrimento e brigas desnecessárias.
    Sabemos que não merecemos e não precisamos passar, por nenhum tipo de situação, que interfira no nosso bem estar. E nós não vamos ser as causadoras disso também.
    Adoro vir aqui, amo esse espaço e você também!
    Super beijo :*

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    1. Falou tudo amada Gaby, vamos conviver com isso pelo resto de nossas vidas, e eu aprendi a aceitar e não a lutar contra e aceitando, aprendi a controlar, e com isso, não temo mais que o meu passado seja o ditador do meu futuro, acho que esse é o caminho né?
      Beijosss amo quando você vem aqui!
      Somos guerreiras Gaby, somos sim...

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  3. Aiiii amigaaaa, super me identificoooo e super falo que preciso me tratar e muitoooo que a co-dep em alguns aspectos em mim não é ativa, mas em outross é MEGAAAAAAAAAAA ativa!
    Eu sou assim, quando não liga, quando atrasa, comida etc. Últimamente, por conta das coisas do trabalho, que você viu no último post, meu stress foi lá em cima, e ajuntou com acidente, stress, mãe do amado, não consigo controlar. E a co-dep chega sutilmente.

    Mas desejo e quero muito ser uma pessoa melhor. Às vezes eu choro por ser assim, eu quero ser diferente, eu quero ser melhor.

    Obrigado pelo post, me ensinou a ver que estou errando.
    Bjoooos

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    1. Mari, relaxa porque com o tempo agente vai aprendendo a controlar, pensa que já faz 8 anos que estou com meu marido e ainda dou uma dessas de vez em quando, imagina no começo então, quantas maluquices eu não fiz com ele, quantas brigas desnecessárias, apenas porque o meu ego estava ferido!!!
      Estamos juntas e vamos juntas aprendendo ok.
      Bjos

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  4. Oi, amiga!
    Tudo bem?
    Quero aqui te parabenizar pela prática do aprendizado teórico, tanto do curso, quanto dos Passos.....teoria é muito lindo, mas vivenciá-lo é mais belo ainda.....e vc mostra que está praticando, mesmo que seja aos poucos...o importante é estar vivenciando-os.
    Abração e TAMUJUNTU.

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  5. Oi amigo, adoro quando você vem aqui, é uma honra para mim ter o comentário de alguém que já esteve do lado de lá e de lá saiu, é inspirador e motivador, você é a esperança de muitos, saiba disso!
    Obrigada, você está certo, teoria é bom, mas praticar é melhor ainda!!!
    Tamuuntu sempre!
    Bjos

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  6. Abençoado Seja esse espaço aqui, como disse a Gaby!
    Tbém me sinto muito bem aqui, embora nem sempre comente... a força que sentimos, a união de quem sabe o que agente tá vivendo nos conforta...
    Tomara Giulli, que eu, em breve possa ter essa mesma confiança que vc tem ao dizer que está em recuperação. Eu não sei se já estou... ainda me pego em muitas falhas, em muita coisa... e pior: ainda tenho esperança de ser feliz com ele. Meu Deus! Acho que quem vai se internar em breve sou eu, e no hospício... se não fosse trágico, seria até cômico...
    Obrigada companheira de luta, do fundo do meu coração,
    Obrigada!

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