quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vergonha


Eu negava para mim mesma, mas, a verdade é que ela estava lá, por mais que eu tentasse fingir que não, por mais que eu me esforçasse em me manter centrada em meus propósitos, meus princípios e meus ideais, meus atos me condenavam. Eu escondi de muitos a dependência do meu namorado, eu tinha vergonha sim, vergonha de assumir que eu namorava um dependente químico!

O relato acima é o relato de uma codependente em recuperação, é o meu relato.

Fui tola ao me envergonhar de algo que não é motivo algum para sentir tal sentimento, por culpa dela, a vergonha, o meu sofrimento se tornou maior, ela fez com que eu evitasse a situação, fez com que eu me fechasse em meu mundo e sofresse por um bom tempo sozinha, eu aceitei a dependência do meu namorado, mas, tive medo de que as outras pessoas não aceitassem.

Hoje eu me pergunto, afinal, por que eu sentia vergonha?

A resposta é clara, falta de conhecimento, falta de entendimento.

Hoje, eu falo para as pessoas que não há motivos para ter vergonha em dizer que tem algum dependente ou adicto na família, hoje, eu sei que a dependência é uma DOENÇA, sendo assim, da mesma forma que eu não tenho vergonha em dizer que na minha família já teve casos de câncer (uma doença, certo?) , eu não tenho mais em dizer que namorei um dependente químico.

Quando eu decidi ajudá-lo, eu abracei a causa com toda a minha alma, ao ponto de me anular em nome dele (codependência), mas, ainda sim, era um assunto reservado somente aos mais íntimos, era como se eu tivesse medo de que alguém fosse nos julgar, no sentido de querer saber por exemplo quais os motivos que o levaram para as drogas,  ou que comentassem coisas do tipo " se está usando drogas é porque tem algum problema". 

Pois é, pode parecer ridículo, mas, infelizmente, a ignorância, a falta de conhecimento e o preconceito (conceito antecipado) nos levam a cometer tais atos, mesmo sem percebermos.

Eu, na condição de namorada, jamais o julguei, mas, tive medo de que outros o fizessem, mas, seu eu tivesse na época, o entendimento que tenho hoje, eu jamais esconderia isso, eu teria a resposta na ponta da língua  para qualquer um que ousasse fazer algum comentário maldoso a respeito. 

DEPENDÊNCIA QUÍMICA É UMA DOENÇA! 

Até quando ainda vamos aceitar que um dependente seja julgado aos olhos de quem vê de fora, como se ele fosse um criminoso, um marginal?

Dependência química não tem nada a ver com ser estúpido, mau caráter, vagabundo, sem vergonha e outros estereótipos que a própria sociedade criou. Dependência química tem a ver com sofrimento, dor, angústia, luta, provações e necessidade de ajuda.

Se você tem um dependente químico dentro de casa, ou na família, aceite! Não se envergonhe, quanto antes todos os envolvidos aceitarem e buscarem ajuda, mas chances essa pessoa terá.

Acredite, nós temos a opção de SER ou de ESTAR, o dependente não nasceu dependente, portanto ele está dependente, mesmo que seja para sempre um dependente em recuperação, ele está e não é!

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Parceiros que recomendo

Através desse blog, tive o prazer de conhecer, mesmo que seja virtualmente, pessoas que hoje julgo essenciais na minha jornada, são pessoas chaves, importantes, que contribuem com o blog e me motivam a continuar.

Abaixo, vou colocar alguns links que acho interessante para quem está em busca de informações, histórias, aprendizado em relação ao cruel mundo das drogas.

Sou Feliz Sem Drogas
Ong ideializada por Nelson Horssi e que hoje é também o coordenador da Coordenadoria de Prevenção às Drogas de Campinas. Realiza um ótimo projeto de prevenção que eu tive o prazer de conhecer. Sou grata à ele pela atençao a mim dedicada, participei de palestra e debate feito por ele e a partir daí eu atribuí à ele o termo Não ser mais Um que se importa e sim Alguém que se importa.

Tamojuntos
Foi o primeiro blog a me seguir e foi o primeiro blog que comecei a seguir. Me identifiquei de cara com o contexto do blog, com muita informação, com relatos e mensagens.

Está também na lista dos primeiros blogues a me seguir e que eu passei a seguir. Com uma história semelhente a de todos nós, a luta contra a dependência química.

Amando um dependente químico
Blog da querida Poly, onde ela posta diariamente a sua batalha contra a dependência do marido. Já chorei e sorri ao ler o blog dela, hoje, por causa de nosso blogues, temos um contato verdadeiro, eu a admiro muito e fico todos os dias na expectativa do próximo post, com a esperança de que seja um post de boas notícias.


Só por Hoje
Blog do Jorge Alberto, alguém que também passei a admirar, pela coragem, por sua história de vida, por ser um vencedor, Só por hoje! 

Tô Limpo - Só por hoje
Blog do Davi, uma pessoa a quem atribui o adjetivo de ser um exemplo de superação, ele concedeu uma entrevista ao meu blog onde pude conhecer mais ainda a sua história. Hoje ele realiza um lindo trabalho social, um projeto muito bacana e singular de socialização de crianças deficientes físico ou algum outro problema, juntamente com crianças que não têm nada, em um acampamento de férias.

Viagem da Recuperação
Blog de mais uma amizade que fiz, do Fernando, ele narra a sua história de tal forma que nos faz querer ler logo a continuação.

Mariana Uma codependente em recuperação
Blog da Mariana, um blog recém-nascido, porém com uma história de luta não tão nova assim.


Procura-se Eu
Um blog moderno, cheio de personalidade, com postagens frequentes, sobre temas importantes, como internações, drogas e muito mais.

SÓ POR HOJE
Um blog que é atualizado diariamente, com informações e matérias sobre drogas e afins.

Liberdade só por hoje
Blog da Sandrinha, com mensagens e postagens constantes, não só sobre a codependência.


Aprendendo a Viver
Blog da Michele, já chorei lendo os posts dela, um blog autêntico e emocionante.

Além dos blogues mencionados acima (se me esqueci de algum, me avisem por favor e me desculpem), eu conto também com a participação de alguns seguidores assíduos, como o Júnior que muito vem me ajudando, a Tininha, uma guerreira com uma história muito bonita, a Raquel, uma leitora que passou a seguir o blog e todos os meus seguidores.

Obrigada a todos vocês!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O NOSSO VALOR!


Acho que essa mensagem se encaixa perfeitamente para nós, codependentes e dependentes!

Um famoso palestrante começou um seminário numa sala com 200 pessoas, segurando uma nota de R$100,00.
 
Ele perguntou: “Quem de vocês quer esta nota de R$100,00” ?
 
Todos ergueram a mão…

Então ele disse: “Darei esta nota a um de vocês esta noite, mas, primeiro,deixem-me fazer isto…”

Então, ele amassou totalmente a nota. 

E perguntou outra vez: “Quem ainda quer esta nota?”

E continuou: “E se eu fizer isso…” Deixou a nota cair ao chão, começou a pisá-la e esfregá-la.

Depois, pegou a nota, agora já imunda e amassada e perguntou: “E agora?…

“Quem ainda vai querer esta nota de R$100,00”?

Todas as mãos voltaram a se erguer.

O palestrante voltou-se para a platéia e disse que lhes explicaria o seguinte:
 
“Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês continuarão a querer esta nota, porque ela não perde o valor. Esta situação também acontece conosco…

Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos nos sentindo sem importância.

Mas, não importa, jamais perderemos o nosso valor. Sujos ou limpos, amassados ou inteiros, magros ou gordos, altos ou baixos, nada disso importa !…

Nada disso altera a importância que temos!…

O preço de nossas vidas, não é pelo que aparentamos ser, mas, pelo que fizemos e sabemos”!

Agora, reflita bem e busque em sua memória:
1) Nomeie as 5 pessoas mais ricas domundo
2) Nomeie as 5 últimas vencedoras do Miss Universo
3) Nomeie 10 vencedores do prêmio Nobel
4) Nomeie os 5 últimos vencedores do Oscar, como melhores atores ou atrizes

E então, como foi? Nada bem não é mesmo? Não se preocupe, raramente nos lembramos dos melhores de ontem!
Os aplausos se vão, os trofeus ficam empoerados, os vencedores são esquecidos.

Agora faça o seguinte:

1) Nomeie 3 professores que te ajudaram na sua verdadeira formação
2) Nomeie 3 amigos que já te ajudaram em algum momento difícil
3) Pense em algumas pessoas que te fizeram sentir alguém especial
4) Nomeie 5 pessoas com quem transcorres teu tempo

Como foi? Mais fácil não é mesmo?

As pessoas que marcam a nossa vida não são as que têm melhores credenciais, com mais dinheiro ou melhores prêmios.
São aquelas que se preocupam conosco, que cuidam de nós, aquelas que, de algum modo estão ao nosso lado.

(Autor desconhecido)

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Drama das famílias por causa do crack

Olá meus amigos leitores,

Que tenhamos mais um dia de serenidade e muita luz em nossos caminhos!

Não sei se todos viram a reportagem sobre o drama dos viciados em crack, no Espírito Santo, que passou ontem no Jornal Hoje da Rede Globo, vou postar o link dela aqui.

Foi muito triste para mim ver a reportagem e ver a associação que é feita do viciado (dependente químico, certo?) com a criminalidade, infelizmente é algo para qual  não posso fechar meus olhos mas ainda sim me deixa triste.

Na reportagem, o delegado fala que não há como desvincular o uso da droga com a violência, eu até concordo, mas, o que me causou uma certa indignação é o fato de eu não ter percebido em momento algum que a dependência química retratada ali, era vista como uma doença, por favor, quem assistir, me corrija se eu estiver errada, o delegado fala de uma forma como se o dependente fosse um marginal, devido aos atos cometidos por eles, mas, não fala que esses atos são derivados de uma doença.

O repórter entrevista um usuário/dependente que foi pego por fazer o famoso serviço de mula, onde para conseguir droga com o traficante, ele carregava a droga e por isso está preso, ele diz que o usuário de crack só tem dois destinos, ou morte ou cadeia.

Infelizmente ele está certo, mas, ainda sim, eu me recuso a dizer que só existe esses dois caminhos, temos colegas de blogues para provar que existe exceção à regra não é mesmo?

Ainda na matéria, mostra o caso de um dentista cirurgião que furtou de um supermercado um frasco de desodorante e ao ser pego, confessou que era para comprar droga e mostra a sua mãe, contando que dava dinheiro à ele para evitar que ele roubasse, ela se viu obrigada a interná-lo a força em uma clínica em São Paulo. Me doeu ao ver o sorriso e a alegria desse mãe ao falar que o filho já engordou dez quilos após a internação, a felicidade que estava estampada no rosto dessa mãe ao falar que quando o viu na clínica e viu que estava bem, é de mexer com qualquer um.

Gostei do que o Psicanalista Francisco Veloso falou, que é preciso falar sobre as drogas sem nenhum pudor, uma vez que o traficante, para chegar no usuário, não tem nenhum pudor.

Para  finalizar, quem viu o post sobre a entrevista que dei sobre o meu livro para um canal de tv, deve ter percebido que falo com outras palavras quase a mesma coisa, que devemos tratar o assunto DROGAS sem hipocrisia, eu falo na entrevista que não podemos falar que a droga é ruim, não use porque é ruim, isso é mentira, ela traz sintomas que agradam o usuário, devemos falar dos efeitos bons para que possamos falar dos efeitos negativos, pois, acredito que se falarmos somente dos negativos e o jovem experimenta por curiosidade a droga, a princípio, o que ele vai pensar é que quem falou para ele que era ruim, estava mentindo, estava enganado.

Segue o link http://g1.globo.com/videos/jornal-hoje/v/crack-provoca-estragos-na-vida-de-milhares-de-brasileiros/1548721/

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terça-feira, 28 de junho de 2011

Entrevista dada por mim ao canal TV Sol Comunidade

Boa noite meus amigos leitores,

Estou colocando o vídeo da entrevista que mencionei no post Dias Felizes

A entrevista foi gravada hoje e foi ao ar no canal pago hoje mesmo. Nela falo sobre o livro, sobre codependência e drogas, assistam e comentem.

O site da TV para quem quiser conhecer é http://tvsolcomunidade.com.br/site/.

Primeiramente, quero contar para vocês como foi essa experiência.

Quando recebi a ligação da produtora do programa, acho que fiquei em estado de extase, (vejam só, não precisamos de drogas para ter essa sensação, uma notícia feliz já é o suficiente), eu amei a idéia desde o primeiro momento, agradeci a minha amiga que me indicou ao programa, depois liguei para  minha mãe, meu marido, para mais uma amiga e depois passei o resto do dia em estado de euforia. Resultado, mal dormi a noite.

O dia amanheceu e contei no relógio a hora de ir para o estúdio gavar e então a minha alegria se completou, fui tão bem recebida, o Roberto que é o entrevistador conduziu a entrevista de uma forma tão leve que fez com que o meu nervosismo diminuísse bem (é, ele não sumiu, mas diminuiu), enfim, saí de lá feliz e realizada, é mais um passo que dou, é mais um momento de realização. Segue abaixo o vídeo.


Resenha - 28-06 from TV Sol Comunidade on Vimeo.

Dias Felizes


Olá pessoal, espero que tenhamos mais um dia de muita serenidade, que nossos caminhos sejam iluminados!

Hoje estou extremamente feliz, muito feliz, várias coisas boas estão me acontecendo, estou conseguindo manter um trabalho sério e bacana aqui no blog, fiz amizades através dele com pessoas que já considero muito e isso é muito motivador e o livro está sendo bem aceito, vou postar abaixo o depoimento que recebi no orkut de uma leitora, não a conheço, ela entrou em contato comigo perguntando a respeito do livro e ontem me deixou um comentário motivador, para completar a minha alegria, hoje dei uma entrevista para a tv local da minha cidade, que passa no canal 8 da NET, a TV Sol Comunidade, para o programa Resenha, foi uma ótima oportunidade para falar sobre o livro. Enfim, estou muito feliz e vim aqui compartilhar com vocês!

O link para quem quiser assistir a entrevista é http://tvsolcomunidade.com.br/site/, amanhã já estará disponível e também vou postar aqui apra vocês.

Abaixo o depoimento:

Bom dia Giulli !!!
Estou MUUUUITO GRATA A VC!!! Pois saiba q comprei seu livro "VALEU A PENA" ... ele chegou no sábado em casa e eu li ele todo em um único dia.
Ele é Maravilhoso.... assim como vc....
Não te conheço, mas saiba q pelo q li no livro te admiro muito!!!
Meus Parabéns por tudo q vc é!!! Vc é a verdadeira imagem de MULHER, com garra, determinação, coragem e coração.
Aprendi muito com sua história e devido a isso, hj mesmo vou marcar uma consulta com um psicólogo..... pois vc abriu meus olhos através do seu Livro!!
MUUUUUUITO OBRIGADA!!!!!
Raquel.
 

Bom, é gratificante ler isso, meu objetivo está sendo alcançado, através da minha história, estou tendo a oportunidade de ajudar os outros.

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ibogaína - Sobre o tratamento

 
Olá pessoal, espero que hoje seja mais um dia de plena serenidade para todos!

De uma semana para cá, eu venho postando reportagens e matérias a respeito de um tratamento promissor feito com uma planta/raiz chamada Ibogaína (iboga), para quem ainda não leu, há vários posts falando sobre ela.

Bom, no post Ibogaína - Relato de quem já usou eu trouxe uma reportagem feita pela Gazeta do Povo com um dependente em recuperação, para resumir, ele fez o tratamento e isso me motivou a procurá-lo, a partir daí, iniciei uma jornada em busca de informações a respeito do tratamento.

Entrei em contato com a clínica da Dra. Cleuza Canan, ela me explicou como funciona o processo do tratamento, onde ele é dividido em três etapas, vou colocá-las aqui resumidamente:

A primeira é a que antecede ao tratamento com a Ibogaína, onde há avaliações clínicas, laboratoriais, psicológicas com sessões inclusive com a família. Esse preparo é feito para que o paciente aprenda a lidar com a abstinência;

A segunda é a aplicação do tratamento que é feito em forma de cápsulas;

E a terceira e a continuação do acompanhamento por um determinado tempo, em torno de uma semana inicialmente.

Falei também com o médico que faz a aplicação do tratamento, em conjunto com a Dra. Cleuza, as etapas são dividias entre os dois, o que posso dizer é que ele me apresentou informações, reportagens e estudos a respeito do tratamento, esse tratamento, embora não seja ainda muito divulgado, já vem sendo utilizado há mais de 50 anos, com ótimos resultados.

Ele sugeriu o blog www.banzzi.blogspot.com, esse mesmo blog já foi mencionado em alguns posts a respeito do tratamento.

Abaixo, um comentário feito pelo Diogo, rapaz que entrei em contato após saber que ele havia feito o tratamento:

"O tratamento expande a concepção do dependente que se vê diante da raiz dos seus problemas, dos motivos que o leva a se drogar, além de mostrar mais claramente a beleza de se estar vivo e tudo o que podemos fazer estando bem estando convictos de que somos seres plenos que não necessitamos de nenhuma substância para nos realizar"

Ele disse que não há uma forma lógica para descrever a experiência dele com a Ibogaína, é algo mais profundo, meio que espiritual, no sentido de que a vida dele foi divida entre antes o tratamento e o depois, ele conta que após a experiência a vida dele melhorou em todos os sentidos, psicológico, familiar, espiritual, profissional, social e existencial. 

Bom, pelo o que o médico me explicou, para que haja resultado, o paciente primeiramente passa por uma preparação psicológica adequada, antes do tratamento e depois por um acompanhamento para que ele possa saber lidar com a nova situação, que é a falta da fissura. 

Achei interessante postar isso, pois é a prova de que não é um milagre e sim um tratamento, uma vez que é necessário que o paciente esteja disposto a mudar e que isso é feito com a ajuda de profissionais, como psicólogos por exemplo.

Quem quiser entrar em contato com o médico responsável, peço que me mande um e-mail e na sequência eu respondo passando o e-mail dele, assim, falando direto com ele fica mais fácil que as dúvidas sejam sanadas.

E-mail: giulliangel@gmail.com ou livrovaleuapena@gmail.com

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sábado, 25 de junho de 2011

Eu amo mais você do que eu (Rastros deixados)



"Eu amo mais você do que eu"

Estávamos no começo do namoro, dois jovens, cheios de planos e aspirações.
Estávamos passando por uma praça e na rádio da praça estava tocando uma música da banda Catedral, no mesmo momento, ele a cantou para mim, tirando um largo sorriso do meu rosto, um sorriso de alegria.

Penso infinitamente sem parar
A verdade
É transparente no mirar
Da tua retina, minha menina
Me diz
Como não te amar?

Eu amo mais você
Do que eu
Eu amo mais você
Do que eu...

É, eu achei lindo, tanto é que no dia seguinte comprei o cd da banda e passei a ouvir e a gostar de tantas outras músicas dela. A verdade é que não fui capaz de perceber que ali, naquele momento quase que poético, ao dizer que amava mais a mim do que ele, era o indício de que ele tinha problemas mal resolvidos em relação a sua adicção, em relação a sua recuperação.

Quem leu o livro, ou até mesmo quem apenas acompanha o blog, sabe que quando eu o conheci, ele estava limpo há pouco mais de dois anos e eu com meus dezoito anos, mal sabia diferenciar uma droga da outra. Portanto, uma vez que ele disse que não usava mais drogas fazia dois anos, eu dei como assunto encerrado, como se fosse uma doença do tipo Catapora, você se cura dela e nunca mais a terá.

Ele ficou esse tempo todo limpo sem nenhuma ajuda de algum grupo ou irmandade, sem nenhum acompanhamento especializado, quando nos conhecemos, ele frequentava semanalmente uma psicóloga, mas a verdade é que eu nunca soube se ele falava pra ela sobre a sua dependência ou não.

Ele tinha uma vida normal, inclusive, por não ter nenhum acompanhamento especializado em dependência química, nem ele e nem a família, ele saia a noite e bebia uma ou duas latinhas de cerveja normalmente, eu, como namorada, confesso que não via problemas em sairmos e ele tomar uma lata de cerveja, eu não fazia ideia de que lentamente, ele estava chamando as drogas de volta para sua vida.

A grande verdade é que o dependente, mesmo o em recuperação, deixa rastros, dá indícios de que algo está errado, acontece que a nossa falta de entendimento no assunto, não nos permite enxergar tais rastros.

Ele passou a dizer frequentemente que amava mais a mim do que a ele - Esse era um indício, Eu estava em primeiro lugar, Eu vinha antes mesmo do que ele, em sua lista de prioridades. Isso me incomodava um pouco, como eu disse no livro, ele sempre me tratou como uma princesa de ouro em uma redoma de vidro, mas, ainda sim, eu não via nada de grave nisso, mas, acreditem, não é normal e nem saudável você estar em primeiro lugar na lista de um dependente em recuperação.

Como se não bastasse, ele tinha momentos de visíveis crises de baixa auto-estima, e mesmo assim, eu não me dei conta de que ele precisava de ajuda, eu apenas tentava (constantemente) fazê-lo se sentir especial, importante para mim, mas, entendam, para um dependente, cujo o seu estado emocional é mais oscilante do que alguém que nunca experimentou droga alguma, o fato de você como namorada ou sei lá, esposa, tentar fazer com que ele se sinta importante, especial, essencial, não o ajuda em sua recuperação, somente um tratamento especializado pode ajudar nesses casos, pois, é preciso tratar os motivos que o levaram a se sentir dessa forma. 

Eu não estava ajudando ele, estava apenas camuflando algo que eu não tinha conhecimento e nem entendimento.

Ele recaiu, não sei se estou certa, mas, acredito que se ele tivesse tido o devido acompanhamento, se a família também tivesse tido alguma ajuda, isso poderia ter sido evitado, erros cometidos por todos nós os envolvidos e por ele, poderiam ter sidos evitados.

Por isso, eu afirmo que eles deixam os rastros, o problema é que não sabemos identificá-los, a informação é uma grande vantagem na luta contra esse maldito mal.

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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ibogaína - Contribuições de leitores

Boa noite pessoal, 
 
Vou postar abaixo uma espécie de compilação... É um comentário que recebi no post Ibogaína - Considerações Gerais, embora seja um comentário de alguém que apenas se identificou como Anônimo, eu gostei da contribuição feita por essa pessoa, ele ou ela, deu o seu parecer e transcreveu a matéria de um blog que cito inclusive no final do post em questão. 
 
Acho válido que o texto abaixo seja lido, uma vez que, o assunto em questão, a Ibogaína, ainda está sendo estudado seus efeitos e há quem diga que funciona e há quem diga que não.
 
Aproveito esse post para falar que eu apenas fiz pesquisas na internet sobre o assunto, como falei no post, eu vi a primeira vez em um programa de tv e desde então venho buscando informações a respeito.
 
Através de pessoas que trabalham diariamente com a dependência química, como exemplo, um seguidor do blog, o Júnior, eu soube que esse tratamento é mais utilizado do que se é divulgado, ele mesmo conhece pessoas que fizeram uso da substância e que estão bem, ele me disse também que já participou de simpósios onde foi discutido o tratamento com ela. 
 
Enfim, eu acho que já que as autoridades e especialistas ainda torcem o nariz para o assunto, nós, que estamos do lado de cá, que buscamos uma saída, precisamos nos mobilizar e investigar todas as opções de tratamentos existentes, as grandes invenções, a princípio pareciam coisas idiotas aos olhos de muitos, o que quero dizer é que sempre haverá prós e contras, cabe a nós decidirmos o que iremos fazer diante de cada informação, de cada hipótese, de cada pontinho de esperança que nos é apresentado.
 
Aproveito também para dizer que não conheço o trabalho clínica da Dra. Cleuza Canan, eu a citei por ter visto em diversos sites, depoimentos de pessoas que fizeram tratamento nessa clínica, cabe a cada interessado se informar melhor a respeito. Como Blogueira, entrei em contato com eles para obter mais informações a respeito do tratamento, espero que respondam e aí posto para vocês.
 
Vamos então para a contribuição feita através de um comentário:
 
 Anônimo disse...
 
Parabens pelo blog, muito interessante. Para acrescentar informações, transcrevo texto do blog "Iblogaína", http//:banzzi.blogspot.com 
 
"Realmente os efeitos são surpreendentes, e, em muitos casos, ocorre uma melhora do quadro de dependência significativa, em apenas 24 horas.
 
Como tudo que é diferente, e como tudo que é inovador, existem também em relação à Ibogaína controvérsias e dúvidas, que tem origem na desinformação e no preconceito, e algumas vezes também em interesses econômicos. É interessante o fato de que a maioria das pessoas que é contra esse tratamento, não sabe absolutamente nada a respeito, mesmo alguns sendo renomados profissionais da área. É o estilo “não li e não gostei”.
 
Sempre que se fala de Ibogaína, cita-se o fato de a mesma ser proibida nos Estados Unidos e em mais 3 ou 4 países, sendo em todos os outros (inclusive no Brasil) isso não ocorre. Pelo contrário, o Brasil é um dos pioneiros nesse tratamento e os profissionais envolvidos, apesar de pouco conhecidos aqui, têm reconhecimento internacional. Essa proibição da Ibogaína em poucos países deve-se à desinformação e a interesses econômicos e políticos.
 
O falso conceito de que a planta é alucinógena, gera uma quase histeria em determinados profissionais da área, que mal informados, com má vontade, e baseados em informações conflitantes pinçadas na internet, repassam informações errôneas adiante. A Ibogaína não é alucinógena, é onirofrênica, ou talvez seja melhor dizer, remogênica, ela estimula a mente de maneira a fazer com que o cérebro sonhe, mesmo com a pessoa acordada. Isso é comprovado por inúmeros estudos ao redor do mundo, mas é fácil confirmar, basta fazer um eletroencefalograma (EEG) durante o efeito da substância pra se ver que o padrão que vai aparecer é o do sono REM, não de alucinações. Alem disso, a ibogaína não se liga ao receptor 5HT 2a, o alvo clássico de alucinógenos como LSD, por exemplo.
 
A taxa média de eficácia da Ibogaína para tratamento da dependência de crack é de 70 a 80%, que é altíssima, principalmente se lembrarmos que, além de ser uma doença gravíssima, as taxas de sucesso dos tratamentos tradicionais é de 5%. O fato é que a Ibogaína é hoje, de longe, o tratamento mais eficaz contra a dependência que se tem notícia, em toda a história da humanidade. Feito com os cuidados necessários, é seguro, eficaz, e não existem relatos de seqüelas, nem físicas, nem psicológicas.
 
Assim sendo, pessoas que vivem da cronicidade da doença, para as quais não interessa que haja cura e sim perpetuação do quadro, e assim, indiretamente, perpetuação dos lucros, se insurgem contra ela.
 
Em toda a história da humanidade, as inovações, as mudanças de paradigma, sempre foram combatidas.
 
E apenas mais um detalhe: as outras opções de tratamento, são bastante ineficazes, para que se possa dar ao luxo de não dar à ibogaína a atenção que ela merece." 
 
http://banzzi.blogspot.com
 
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Ibogaína - Enquete

Caros leitores, amigos, companheiros de blog, seguidores.
Diante da curiosidade despertada através das postagens que fiz aqui sobre o tratamento com a Ibogaína, uma raiz que vem sendo utilizada no tratamento contra a dependência química, eu resolvi fazer uma enquete a respeito e aproveito para pedir gentilmente para que aqueles que conhecem a substância, ou conhecem quem já fez tratamento com a mesma, que entre em contato através do e-mail livrovaleuapena@gmail.com ou giulliangel@gmail.com, na internet ainda há pouco material a respeito (No Brasil), essa substãncia já vem sendo usada em vários países, há estudos sobre a eficiência da mesma, como sempre, há pessoas, especialistas que dizem que é verdade, que funciona e há os que dizem que não, não tem nenhuma comprovação científica em relação a sua veracidade.
A minha querida amiga de Blog Poly, do Amando um dependente químico também está empenhada em descobrir mais coisas a respeito dessa substância, por isso, seja aqui no meu blog ou no dela, o que vocês souberem a respeito, será compartilhado com todos.
A respeito do tratamento, já venho há meses pesquisando e o que descobri é que a única clínica que tem permissão para fazer o  tratamento com essa substância é em Curitiba, a clínica da Dra. Cleuza Canan, até onde sei o tratamento é de um custo ainda elevado, mas, diante dos relatos que li a respeito, para quem não tem mais saída, é algo para se pensar.

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Ibogaína - Relato de quem já usou

Ibogaína: droga usada para curar a dependência

Tratamento é feito com uma dose de substância extraída da raiz de uma planta africana. Medicamento não é regulamentado pela Anvisa
(Gabriel Azevedo - Gazeta do Povo)

Diogo Nascimento Busse, 28 anos, era usuário de drogas. Du­­rante 13 anos, a vida dele foi semelhante à de outros usuários: mesmo estudando e trabalhando normalmente, passava dias fora de casa e chegou a sofrer alguns acidentes. Tentou inúmeros tratamentos psiquiátricos, psicológicos, medicamentos e internações. Nada deu resultado. Sem saída, mas com esperança de largar a dependência, há dois anos e meio, a curiosidade empurrou Busse para uma substância pouco conhecida no Brasil: a ibogaína.

Substância extraída da raiz da iboga, arbusto encontrado em países africanos, a ibogaína é usada para fins terapêuticos no país há dez anos, por uma única clínica, com sede em Curitiba. Nesse período, 130 usuários de drogas usaram o medicamento, Diogo foi um deles. Há dois anos e meio livre do crack, o advogado e professor universitário conta como foi a experiência. “Foi um renascimento. Foi uma viagem espiritual, de autoconhecimento, expandiu meus horizontes. É inexplicável. Hoje eu analiso o passado e não tenho lembranças positivas daquele tempo”, diz.

De acordo com o médico gastroenterologista da clínica Bruno Daniel Rasmussen Chaves, a ibogaína produz uma grande quantidade do hormônio GDNF, que estimula a criação de conexões neuronais, o que ajuda o paciente a perder a vontade de usar drogas. A ibogaína, segundo ele, também produz serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer. A droga é processada na Inglaterra e vendida em forma de cápsulas. O preço de uma unidade, quantidade suficiente para o tratamento, gira em torno de R$ 5 mil.

As imagens que as pessoas enxergam enquanto estão sob o efeito da droga, segundo o médico, são sonhos. “Não se trata de alucinações, a ibogaína não é alucinógena. É como sonhar de olhos abertos, só que durante muito tempo. Durante o sono temos apenas cinco minutos de sonhos a cada duas horas. Com a ibogaína são 12 horas”, explica Chaves.


Não é um milagre

Mesmo que os resultados sejam animadores – a taxa de recaída entre os usuários da ibogaína gira em torno de 15%, enquanto nos tratamentos convencionais varia entre 60% e 70% – a substância não é um milagre e nem faz tudo sozinha. De acordo com a psicóloga Cleuza Canan, que há mais de 30 anos trabalha com dependência química, os pacientes passam por três fases. “Avaliamos clinicamente e psiquicamente o paciente. Existe uma fase de desintoxicação. São necessários 60 dias de abstinência para o paciente ir para a ibogaína. Depois que ele toma, começa uma fase que consiste na reorganização e readaptação, com terapia individual e de grupo”, afirma.


A reportagem Gazeta do Povo conversou com ex-usuários de drogas que recorreram à ibogaína. Eles foram unânimes em afirmar que, depois de tomar a substância, nunca
mais tiveram vontade de se drogar. “Eu nunca mais tive vontade. Aquela fissura desapareceu. A droga é apenas uma lembrança, nada mais que isso”, diz um paciente que não quis se identificar. Segundo Cleuza, a recaída só é possível se o paciente mantiver os mesmos hábitos. “Se ele frenquentar os mesmos lugares, conviver com os mesmos amigos, achar que está imune”, explica.



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Ibogaína - A droga que cura o vício



A reportagem abaixo foi retirada do site Revista Galileu.

Ibogaína - a droga que cura o vício.
Da planta Iboga é extraída a Ibogaína, uma substância psicodélica que faz sonhar por 12 horas e é cada vez mais usada contra a dependência química.
(Fausto Salvadori)

Deitado numa cama, Wladimir Kosiski, 33 anos, viu, literalmente, sua vida passar como num filme — e descobriu que era um drama ruim. A abertura até prometia: cenas de sua infância e adolescência, o casamento, o emprego como vendedor em uma multinacional em Curitiba (PR), a faculdade, dois filhos... Mas, ao chegar aos 21 anos, o roteiro virava filme B, uma típica história de dependência de drogas, reprisando todos os clichês do gênero. O crack, então, roubava a cena: uma sequência previsível de empregos perdidos, faculdade abandonada e bens vendidos a preço de banana para pagar o vício. E sua carreira de vendedor em multinacional acabou enveredando para a vida de aviãozinho do tráfico em troca de alguns gramas de pedras.

O filme apareceu como uma espécie de sonho acordado durante as 48 horas que Wladimir passou sob o efeito da ibogaína, uma droga psicodélica, em uma clínica no Estado de São Paulo (que prefere não divulgar o nome). Durante esse tempo, ele ficou sonolento, mas plenamente consciente. Viu nítidas as imagens de sua vida, como se fossem projetadas em uma tela de LCD na parede do quarto, logo acima do médico que o observava sobre a cama. Quando o efeito passou, foi a primeira vez em anos que Wladimir acordou sem a fissura, o desejo incontrolável pela fumaça do crack que ataca os dependentes. Nem o desejo, nem as náuseas e nem as dores comuns desse tipo de abstinência apareceram. “Era como se eu nunca tivesse usado droga nenhuma”, diz o hoje administrador de empresas, que passou pelo tratamento e se livrou da dependência em 2007.

A substância que ajudou Wladimir é cada vez mais usada em terapias experimentais contra o vício. De 1962, quando começou a ser testada em dependentes químicos, até 2006, 3.414 pessoas usaram a ibogaína, obtida a partir da raiz de um arbusto africano, a iboga, para fins terapêuticos. Só nos últimos quatro anos, no entanto, 7 mil pessoas passaram pelas terapias, de acordo com dados preliminares de um estudo do Dr. Kenneth Alper, da New York School of Medicine, nos Estados Unidos. O número de tratamentos cresceu tanto que provocou uma escassez da substância, ainda produzida de maneira artesanal, no mundo.

AVAL DA CIÊNCIA> Boa parte dos cientistas torce o nariz diante da ideia de se usar uma fortíssima droga psicodélica para se tratar dependentes químicos. Porém, o crescimento no número de terapias bem-sucedidas e o início de novos estudos deram mais credibilidade à prática. Um deles começou em julho, conduzido pela Associação Multidisciplinar para Pesquisa de Psicodélicos (MAPS, na sigla em inglês), de Santa Cruz, na Califórnia. De acordo com a entidade, trata-se da primeira pesquisa sobre os efeitos de longo prazo da ibogaína na luta contra o vício. O levantamento é feito em cima de usuários de heroína, tratados com a droga por uma clínica do México, a Pangea Biomedics. O interesse dos pesquisadores surgiu após estudos que mostram os benefícios da prática. “Há cada vez mais aceitação por parte da comunidade científica”, afirma Randolph Hencken, diretor de comunicação da MAPS. Os pacientes da Pangea são, em boa parte, americanos que cruzam a fronteira para receber um tratamento considerado ilegal nos EUA (embora a pesquisa seja permitida por lá). A ibogaína também é proibida na Dinamarca, na Bélgica, na Suécia e na Suíça. Já no Gabão, é considerada tesouro nacional. Na África Central, curandeiros usam a raiz em rituais contra as chamadas “doenças do espírito”.

Um deles, da religião Bouiti no Camarões, faz com que o participante coma uma grande quantidade de iboga (que pode chegar a 500 g) enquanto um grupo canta, toca e dança a noite inteira. A cerimônia de três dias pode produzir um coma induzido — o que é entendido como uma viagem ao mundo dos mortos. O objetivo, dizem, é receber revelações, curar doenças ou comunicar-se com aqueles que já morreram. Trabalho da antropóloga paulistana Bia Labate, que estudou a droga, afirma que “acredita-se que os pigmeus tenham descoberto a iboga em tempos imemoriáveis”.

A primeira pesquisa brasileira no assunto está prevista para começar no ano que vem, sob orientação do psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda que os resultados sejam positivos, não há chance de cápsulas de ibogaína chegarem às farmácias tão cedo. “Sob estrita supervisão médica, a droga poderia se tornar um medicamento, mas custaria milhões de dólares em estudos e ainda não há investidores para tanto”, diz Hencken. 

O EFEITO> Ainda não se sabe exatamente como essa substância atua no combate à dependência, mas dezenas de pesquisas em animais e humanos indicam que age em dois níveis: tanto na química cerebral como na psicologia do dependente. Por um lado, a droga estimula a produção do hormônio GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais. Isso permitiria reparar áreas do cérebro associadas à dependência, além de favorecer a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. Isso explicaria o desaparecimento da fissura relatado pelos dependentes logo após sair de uma sessão.

Na outra frente, a ibogaína promoveria uma espécie de psicoterapia intensiva ao fazer o paciente enxergar imagens da própria vida enquanto a mente fica lúcida. Estas visões não seriam alucinações, como as imagens de uma viagem de LSD. É como sonhar de olhos abertos, o que ajudaria os dependentes a identificar fatores que os teriam empurrado para as drogas em determinados momentos da vida. Estudos com eletroencefalogramas feitos pela Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, apontaram que ondas cerebrais de um paciente que tomou ibogaína têm o mesmo comportamento daquelas de alguém em REM (a fase do sono em que sonhamos). “O sonho renova a mente e, se no sono comum temos apenas cinco minutos de sonho a cada duas horas, na ibogaína são 12 horas de sonho intensivo”, aponta o gastroenterologista Bruno Daniel Rasmussen Chaves, que estuda o tema desde 1994 e participará da pequisa da Unifesp.

RISCOS> No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que não há restrições legais à ibogaína, mas seu uso como medicamento não está regulamentado. Por isso, os tratamentos são considerados experimentais e as clínicas não fazem propaganda. A importação é feita pelos próprios pacientes, que pagam cerca de R$ 5 mil por uma sessão com o derivado da raiz. Após passar por exames médicos, o dependente ingere as cápsulas, deita-se em uma cama e deixa sua mente navegar pelos efeitos, que podem durar até 72 horas. Durante esse tempo, médicos monitoram o paciente. Vale dizer que a literatura médica registra 12 óbitos associados ao uso de ibogaína nas últimas quatro décadas, provocados por diminuição na frequência cardíaca (o equivalente a uma morte a cada 300 usuários). No entanto, estudos de Deborah Mash, neurologista da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, que já acompanhou o tratamento de cerca de 500 pacientes, apontam que não há registro de morte por ingestão de ibogaína em ambiente hospitalar. É preciso que o paciente chegue “limpo” à sessão. “As mortes registradas ocorreram em tratamentos de fundo de quintal, em que as pessoas fizeram uso concomitante de ibogaína e outras substâncias”, afirma Chaves.

NÃO HÁ FÓRMULA MÁGICA> Estudiosos e pacientes avisam: a droga não é uma poção mágica. Para se livrar da dependência, Wladimir Kosiski aliou o tratamento à psicoterapia e mudança drástica de hábitos. Voltou a trabalhar, a estudar e nunca mais pisou no local onde comprava crack. Não foi isso o que fez o professor Gilberto Luiz Goffi da Costa, 44 anos, que se tratou com ibogaína pela primeira vez em 2005. Viciado em drogas desde os 14 anos, Gilberto já acumulava 18 tratamentos fracassados contra dependência. Volta e meia, dormia nas ruas de Curitiba e praticava roubos para comprar crack: já havia sido preso cinco vezes. Após usar ibogaína, achou que estava curado. “Tive uma sensação de bem-estar, mas é um efeito que se perde depois”, afirma. Estava livre do desejo, mas continuou a frequentar os mesmos ambientes e amigos com quem dividia drogas. Em pouco tempo, foi dominado novamente pelo crack. “A ibogaína retira a fissura, mas a pessoa pode continuar a usar droga mesmo sem vontade, como alguém que estraga um regime por gula, não por fome”, diz Chaves. Gilberto só conseguiu permanecer “limpo” após a terceira vez que se tratou, em 2008, quando aliou a substância a uma troca completa de atitudes, seguindo o método dos Narcóticos Anônimos. Sem consumir drogas há dois anos, hoje dá aulas de línguas e é consultor no tratamento de outros dependentes. Ao contrário da viagem pelo mundo dos mortos em uma sessão dos rituais africanos, a ibogaína ajudou o curitibano, pouco a pouco, a permanecer no mundo dos vivos. 

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ibogaína - Considerações gerais



Já faz algum tempo que venho pesquisando sobre o uso da Ibogaína no auxílio do tratamento contra a dependência química, na verdade, ouvi a respeito pela primeira vez em um capítulo de um seriado americano que passa na tv paga chamado Lei e Ordem (Law & Order), nesse capítulo, um psiquiatra forense levou um garoto dependente de heroína para uma clínica de reabilitação para receber a aplicação dessa tal ibogaína, pois, segundo ele, ela livraria o garoto da dependência pois, eles precisavam do depoimento desse garoto e então como esperado, o garoto toma a tal ibogaína e fica limpo.

A verdade é que sabemos o quão difícil é para quem está em adicção ativa, tanto para o dependente quanto para a famíla do mesmo, com isso, de tempos em tempos, aparece alguma novidade promissora no tratamento contra as drogas e o alcóol, o tratamento com a ibogaína já vem sido feito há algum tempo, embora não se tenha ainda a total certeza e comprovação científica que funciona.

Bom, algumas pessoas me disseram que funciona de fato, que essa planta/raiz é capaz de inibir a vontade do uso da droga, mesmo a longo prazo. Uma pessoa que conheci atraves do blog, que trabalha com dependência química em um CAPS AD, me disse que ele mesmo conhece pessoas que fizeram uso da ibogaína que estão bem, recuperados, incluive, ele me ajudou com minha pesquisa, me fornecendo alguns sites quue falam a respeito.Vou postar aqui algumas informações que encontrei na internet e abaixo alguns sites de referência, com os prós e contras.

A iboga é um arbusto com uma raiz subterrânea  é composto de várias espécies. A que mais tem interessado no tratamento da dependência química é Tabernanthe iboga, encontrada nos Camarões, Gabão, República Central Africana, Congo, República Democrática do Congo, Angola e Guiné Equatorial. Algumas espécies animais, entre as quais os mandris e os javalis, alimentam-se das raízes da iboga para conseguir efeitos entorpecentes. Imagina-se que os pigmeus descobriram a eboka (iboga) observando o comportamento desses animais. Até hoje, estas populações utilizam a iboga em seus ritos.

Em 1962, Howard Lotsof, um jovem dependente químico de heroína, acabou descobrindo, por acaso, a iboga na África. Após uma viagem astral de 36 horas, relatou que perdeu o desejo de consumir heroína por completo. Em 1983, Lostsof relatou as propriedades antiaditivas da ibogaína e em 1985 obteve quatro patentes nos EUA para o tratamento de dependências de ópio, cocaína, anfetamina, etanol e nicotina. Fundou o International Coalition for Addicts Self Help e desenvolveu o método Endabuse, uma farmacoterapia experimental que faz uso da ibogaíne HCl, a forma solúvel da ibogaína. Através da administração de uma única dose, cujo efeito dura dois dias, haveria uma atenuação severa dos sintomas de abstinência e uma perda do desejo de consumir drogas por um período mais ou menos longo de tempo.
O número de tratamento de dependentes químicos com a ibogaína está crescendo tanto que vem provocando escassez da planta que ainda é produzida de maneira artesanal.

Os efeitos dessa planta ainda estão sendo estudados, mas pesquisas feitas em humanos e animais indicam que a droga age em dois sentidos, por um lado ela age na química cerebral, estimulando a produção da proteína GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais. Isso permitiria que áreas do cérebro relacionadas com a dependência fossem reparadas e estimularia a produção de neurotransmissores responsáveis pela produção do prazer, a serotonina e a dopamina. São essas substâncias que podem explicar o desaparecimento da fissura pela droga relatados por dependentes logo após saída de uma sessão.

Os tratamentos com ibogaína não são autorizados nos Estados Unidos, Reino Unido, França ou Suíça. Mesmo assim, têm sido adotados clandestinamente. No Panamá, a instituição liderada por Lotsof cobra 15 mil dólares; na Itália, o custo é de 2.500 dólares, e, nos EUA, o tratamento varia entre 500 e 2.500 dólares. Em Israel, a iboga está sendo pesquisada para uso no tratamento da síndrome de pós-guerra que afeta os soldados.

Para quem quiser ler mais a repeito, veja os links abaixo:
http://ibogabrasil.wordpress.com/2011/03/11/diretrizes-para-utilizacao-da-iboga-ibogaina/
http://www.saudeeforca.com/tratamento-da-dependncia-qumica-a-iboga-nova-esperana/
http://banzzi.blogspot.com/

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CODEPENDÊNCIA - SEGUIR EM FRENTE


A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas
só pode ser vivida olhando-se para frente.
(Soren Kierkegaard)


Hoje recebi um e-mail de uma pessoa que há semanas atrás havia me escrito para contar a sua história, essa pessoa estava com medo pois havia descoberto que quem ela amava estava no mundo das drogas. Bom, trocamos vários e-mails e eu tentei expor para ela a importância dela procurar ajuda especializada, e assim ela o fez. Dias depois, ela me escreveu dizendo que tudo parecia estar entrando nos eixos, ele, o seu marido estava se permitindo ser ajudado e ela estava esperançosa.

No e-mail de hoje, senti uma forte tristeza por ela estar passando pelo o que eu já passei. Ele, o marido, ainda não encontrou o seu caminho e nós sabemos que essa jornada muitas vezes pode ser longa e com isso ela está conhecendo um lado dele que ela não conhecia, ele agora a culpa por tudo o que está havendo. (Atitude típica de um adicto, não é um caso particular).

Ela me escreveu contando o que está havendo e me perguntou como eu consegui seguir a minha vida. Pois bem, esse post trata-se disso, SEGUIR EM FRENTE.

Eu não acho que existe um momento certo ou uma regra que faz com que tenhamos certeza de que é o momento de seguirmos em frente, é um momento individual e único de cada um, e comigo não foi diferente.

Eu estava em uma jornada de anulação, de auto sabotagem, de frustrações e decepções. Eu já estava dominada pela codependência e o sentimento de impotência já havia se instalado em minha vida.

Cerca de dez quilos mais magra, sem vontade de me arrumar e nem mesmo pentear o cabelo, com dificuldades em me concentrar na faculdade, na época eu estava no primeiro ano de Psicologia, eu tremia e paralisava toda vez que o telefone da minha casa tocava, podia ser alguma notícia ruim do tipo ele foi preso, ou teve orvedose e enquanto esteve internado o toque do telefone representava a fuga dele da clínica. Esse era o quadro da minha codependência.

Eu simplesmente percebi com o passar do tempo que eu precisava fazer algo por mim, ele estava internado e e a minha doença era tão forte que passei a sofrer até por ele estar internado, porque teoricamente eu não tinha mais preocupações, isso tornava a minha vida sem sentido, eu vivia a dependência dele, eu era dependente dele e ele estando longe, eu me sentia vazia, eu já havia me acostumado com as noites sem dormir, já havia me acostumado a não comer e a não ter mais vida própria.

Não foi de um dia para o outro que minha vida começou a mudar, mas, gradativamente, eu fui voltando à minha vida antiga, com a ajuda de amigos e da minha família, eu fui percebendo que ele precisava seguir sozinho nessa jornada, que eu adoecida, nada poderia ajudá-lo, era eu ou a minha codependência em questão e eu escolhi a mim. Essa foi a minha escolha.

Culpa? Senti por muito tempo, e ainda sinto,foi difícil eu me perdoar por ter escolhido a mim, eu fui egoísta para conseguir me salvar e eu tive que aprender a conviver comigo mesma, com meus medos, minhas fraquezas, meus fantasmas.Hoje, eu sei lidar com tudo isso, hoje eu sei que fiz o que tinha que ser feito, tanto em ajudá-lo quanto em parar de ajudá-lo.

Hoje, sou casada, tenho uma filha e uma relação saudável com meu marido, mas, acreditem, eu luto constantemente contra a minha codependência, ela deixou marcas em minha personalidade que tive que aprender a lidar com elas, eu carreguei comigo o sentimento de que eu tinha sido trocada por drogas e isso tive que trabalhar quando iniciei a relação com meu marido, e é por isso que eu falo que a codependência é como a dependência, não tem cura, porém recuperação.

Eu segui em frente, hoje, sem arrependimentos, para mim, valeu a pena tudo o que eu fiz e vivi.

Eu segui em frente por não ter mais forças, foi um ato de desespero e de vontade de viver, somente isso.

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quarta-feira, 22 de junho de 2011

PLANO DE PREVENÇÃO À RECAÍDA - TERENCE GORSKI

O PPS abaixo é referente ao Plano de Prevenção à Recaída, escrito por Terence Gorski, ele é estudioso e especialista na área de dependência química, tanto alcoólica quanto outras drogas. O texto foi escrito primeiramente para ser aplicado aos dependentes de álcool de posteriormente viu-se que surtiria efeitos também com os dependentes de outras drogas.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Recuperação


 Se uma pessoa falha em aprender com seu próprio passado, 
ela está condenada a repetí-lo.
(Terence Gorski)

Ao procurar no dicionário o significado para a palavra RECUPERAR, encontrei a seguinte definição: Reaver o que se perdeu. Ou seja, a palavra nos faz pensar em algo que está no passado, algo que tínhamos e que perdemos.

Antes de mais nada, é preciso compreender que para que haja a recuperação de um adicto, não basta apenas parar com o comportamento compulsivo, é preciso entender que esse comportamento não surgiu do nada, ele teve uma causa, e é essa causa que precisa ser tratada, precisa ser olhada com muita cautela, caso contrário, mesmo após anos e mais anos em recuperação, na primeira decepção amorosa ou profissional por exemplo, o dependente corre um grande risco de recair, isso porque ele não estava recuperado emocionalmente.

Para haver a recuperação, é preciso haver compreensão do motivos que levaram o dependente ao uso das drogas, é preciso mudar as atitudes, companhias e ambientes frequentados.

O processo de recuperação é longo e muitas vezes sofrido, o dependente passa a enxergar os seus erros e precisa aprender a lidar com eles, precisa se perdoar por tudo o que foi feito no passado para a partir daí, focar no presente e trabalhar o seu emocional para conseguir lidar com seus fantasmas, seus medos, suas frustrações.

O adicto, na maioria das vezes, se sente sozinho, imerso em sua própria confusão, em um mundo distante e vazio e quando inicia o processo de recuperação, ele demora a perceber que não está sozinho, embora esse processo seja algo individual onde ninguém poderá fazer por ele, é também um processo de coletivo, onde a família e os mais próximos são de extrema importância para a recuperação dele.

Na recuperação, o "método" da identificação é de extrema importância, quando o dependente que está iniciando o processo de recuperação vê através de exemplos de quem já passou pelo o que ele passou e que hoje está bem, está em um processo de recuperação diária, o Só Por Hoje, esse dependente que está iniciando a sua jornada de recuperação se identifica com esse outro que já está nela, fazendo com que ele perceba que há saída, que há vida após as drogas, por isso, o adicto que já está em recuperação é uma das pessoas que melhor pode ajudar o adicto a se recuperar.

O mais importante nesse processo todo é que se ele se iniciou, significa que o adicto reconheceu que está doente, seja por vontade própria ou devido a um grande fato que tenha ocorrido, como por exemplo uma overdose, assim como para o alcoólotra, um acidente da carro por estar conduzindo embriagado, é o chamado fundo do poço, onde não se pode cavar além dele. 

Eu chamo de fundo da piscina, pois acredito que quando a pessoa chega lá no fundo e está prestes a se afogar, ela é acometida por uma súbita vontade de viver e então dá um impulso com seus pés no fundo, fazendo com que ela retorne à borda e volte a respirar.

"Para recair não precisa muito, mas pare se recuperar, é uma vida toda".

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Jovem dependente destrói a casa com marretas

Acabei de ler uma notícia de um fato ocorrido em São José do Rio Preto, onde um jovem de 27 anos, dependente de drogas destruiu a sua casa com marretadas, ele destruiu desde o mura da casa até os móveis e eletrodomésticos.

A mãe do rapaz disse que ele  usa drogas (crack e cocaína) desde os sete anos e que a vida deles é um inferno, de dia o rapaz dorme e de noite vai para as ruas.
Ele está internado em um centro de atendimento psicossocial da cidade, enquanto a prefeitura da cidade tenta uma vaga para ele em um Hospital psiquiátrico.
 
Coitada dessa mãe, dessa família... Esse rapaz precisará de muita ajuda, são vinte anos nesse mundo, ele não deve ter nem mais esperanças de que sua vida seja diferente, ele não deve nem saber que existe vida sem drogas. 

Como julgá-lo, se ele está doente? Não podemos, ele está entregue, cavando o seu buraco, ele não tem mais nenhum poder sobre sua vida.

Como vamos querer que ele decida sozinho parar ou pedir ajuda? Ele não tem mais esse poder de decisão, assunto esse que discuti no post O Poder de decidir -  http://livrovaleuapena.blogspot.com/2011/06/o-poder-de-decidir.html

Agora só falta o Ministério da Saúde divulgar uma nota falando que há outros meios de tratamento sem ser a internação.


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